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MINHA PAISAGEM É CORPORAL

obra em processo 2020-2023.

Este trabalho é processualmente feito de reconexões contínuas, um mergulho profundo nas minhas subjetividades como mulher natureza, território, raiz, mulher salvagem, mas que se conecta com a experiência de outros corpos e identidades em trânsito, que na diáspora ou em seus movimentos de vida como eu, foram já feitos paisagens pela passagem da vida. 

 

Somos uma espécie em viagem, nossos deslocamentos vão na procura de novos horizontes à medida que avançamos, vamos apenas deixando ausências, nos adaptando, reconhecendo novos locais, sabores, rostros, conectando afetos, famílias em nossa passagem por  cidades,  em ônibus, aviões, a pé,  de bike, travessia nas águas, pedras, rios, mares, territórios. Vamos sendo uma passagem e uma constante reinvenção social e vivencial com cada troca de paisagens.

 

Desde que migrei de meu pais natal, Venezuela, tenho sentido que para  ser parte de um solo estrangeiro, para me achar sustentada em outro chão como lugar de enunciação, de novas reinterpretações, relações e possibilidades de vida, tenho que mimetizar minhas memórias mais intimas e familiares e violrntadas na geografia natural como refúgio, só ali posso:

 

Ser a forte casca da árvore

Ser a flexibilidade do barro no poço

Ser a gota que fura a pedra

Ser a presença no caminho

Persistência - resiliência

Sobrevivência

Adaptação.

 

Essa ideia tem me inspirado a fundir minha casa-corpo na paisagem, tem me inspirado a ampliar minhas materialidades desfrutando os detalhes orgânicos, as monumentalidades do afora, a mexer de cara com o barro retratando meu trânsito nos rios, nas rocas, na terra, na imensidade da natureza, para me enraizar de vez. Como um rito de passagem e pertencimento fugaz.

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